AMARILDO SANTANA, PAI E EMPRESÁRIO DO CANTOR LUAN SANTANA, CONTA COMO ADMINISTRA A CARREIRA DO FILHO.

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O pai presente: Amarildo Aparecido de Santana, 52, é nascido em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. For - mou-se em Ciências Contábeis pela FIFASUL, e durante 25 anos atuou em bancos. Passou pelo Nacional, Unibanco e Itaú. Estabilizado, casado e com dois filhos, escolheu se demitir, em 2010, para cuidar da carreira de Luan San - tana, que parecia promissora. Tentou, é verdade, negociar uma demissão. Não funcionou. Saiu sem nenhum centavo, receoso por não ter conhecimento algum sobre o meio musical, preocupado com o que poderia acontecer nos anos se - guintes. Amarildo Santana, ou o “seu” Amarildo, é um dos empresários musicais mais discretos do merca - do. Dá poucas entrevistas, frequen - ta poucos shows e quase não se lê notícias a seu respeito. Em junho de 2016, decidiu trocar o escritório de Moema, em São Pau - lo, por um em Barueri, onde mora com a família. A intenção, além da qualidade de vida, era a de poder contar com Luan, mesmo que even - tualmente, no escritório. Visitei seu Amarildo no final de novembro para entender como um ex-bancário administra uma das carreiras musicais mais bem-suce - didas da última década.

O empresário discreto: "Eu sempre tive essa preocupação em sair do banco e a carreira do Luan não dar certo, de perder um emprego de 25 anos. No início, a gente não sabia no que ia dar, foi uma aposta. A Dagmar (Alba), assessora de im - prensa na época, me falava pra eu tomar cuidado pra não misturar o pai e o empresário. Ela tinha razão. Havia alguns exemplos que deram errado e eu me apegava bastante a isso, tinha certo receio. Por isso que, quando eu entrei, cheguei com o conceito de ficar na retaguarda só dando suporte, e tomar a frente quando surgisse algo muito importante, uma reunião, uma questão muito séria. Sigo as - sim até hoje. Se eu aparecer demais, posso começar a atrapalhar. " Como funciona a estrutura da LS? Ao todo, com o pessoal de estrada, São Paulo e Londrina, são 49 fun - cionários. Aqui em São Paulo, nós temos quatro divisões muito claras. O Serginho (Sérgio Bianchini) cuida dos shows, o Kezinho (Badilho) cuida da parte das rádios, e a Juliana (Thomé) fica com a parte das redes sociais. Os três ficam aqui no escritório, a gente tá sempre em contato. Temos também a Arleyde (Caldi), que cuida de tudo relacionado à imprensa na carreira do Luan. Como eu te disse, eu não posso interferir no trabalho deles. Se eu começo a frequentar muitos shows, os contratantes pegam intimidade e me ligam direto, e assim não funciona. O Serginho tem autonomia pra cuidar disso. Pode errar, acertar, mas tem autonomia. Dessa maneira as coisas funcionam bem melhor. O que o Luan fica sabendo em relação a discussões e problemas que se passam dentro do escritório? Vocês discutem trabalho em casa?Eu tento passar tudo o que acontece pra ele, mas ele não quer ouvir muita coisa. Um dia fui bater papo e tomei esporro. Por isso que nós mudamos aqui pra Alphaville, pra ficar perto de casa, pra ele poder vir e conversar aqui. Eu tava mesmo extrapolando, falando de faturamento, de gastos, e ele olhou e disse: “pô, vâmo parar de falar de trabalho um pouco em casa?”. Você começa a se envolver tanto, querer tanto que dê certo, que exagera. É o costume de atingir as metas do banco, você esquece de todo o resto e fica bitolado naquilo. Quando chega um convite para participar de algum projeto na TV, algum programa especial, quem dá a palavra final? Eu ouço muito a opinião dele, mas quem tá no dia a dia da estrada, do escritório, é a gente. Então, tem toda uma conversa antes de qualquer decisão. Ele é o artista, pensa mais na comodidade dele, mas a gente tá aqui pra pensar no relacionamento e no profissional, se determinada atitude vai ser boa pra carreira dele ou não. Quando não é legal, a gente fala com a Arleyde e ela respeita. Claro que tem vezes em que eu e ele discordamos. Eu mesmo já errei em decisões, mas nosso intuito é sempre buscar o melhor pra carreira dele. Sobre propostas comerciais como a da Coca-Cola e da Shell, que aconteceram em 2016, como funciona o processo? Isso é comigo, essa parte eu nem consulto ele. Depois de fechado, eu chego nele, explico o porquê e quais são os benefícios que ele vai ter. Essa questão eu tenho que cuidar sozinho. Publicidade fica comigo. Pra te dar um exemplo, em 2011 o Luan era um artista teen, os fãs eram 90% adolescentes. Nessa época, a gente chegou a ter 30 produtos licenciados, a maioria voltada ao público adolescente e até infantil. Jogo de quebra-cabeça, bonequinho, produtos para um pú- blico bem específico. Ele foi crescendo, a idade aumentando, mas continuava com aquele monte de licenciamento adolescente. A gente sentou e concluiu que essa falta de estratégia poderia matar a carreira dele ali. Cortei todos os produtos e hoje temos apenas um licenciado, que é o perfume dele da Jequiti. Há outros trabalhos de publicidade, sim, mas licenciado mesmo só o Jequiti. Se você entrar na loja online dele, vai ver que a gente mudou a cara dela. Você precisa crescer artisticamente em todos os aspectos. Não é só a imagem ou a questão musical, mas tudo que cerca a carreira dele. São nesses momentos que eu te disse que preciso aparecer e tomar decisões importantes pra carreira dele. Essa mudança de artista teen para adulto deu muito trabalho? Foi preciso tomar algumas decisões, mas fizemos o que era preciso. Em algum momento as coisas precisariam mudar. Como eu disse, não é só música, é todo o contexto. É verdade que o Dudu Borges (produtor) já tinha em mente “O nosso tempo é hoje” e o “Acústico” pra justamente reposicionar o Luan como um artista adulto? Sim, é verdade. Ele já tinha na cabeça esse processo de crescimento musical. O Dudu e o Luan têm uma sinergia muito forte. Ele amadureceu o repertório do Luan. O Luan e a Som Livre estão juntos há quase oito anos. Qual a interferência da gravadora nas decisões da carreira? A Som Livre aceita muito nossas ideias, mas ela interfere pouco na carreira do Luan. Quando a gente vai virar uma faixa, nós comunica mos uma semana antes, até porque eles têm que trabalhar o digital. A gente tem um contrato, alguns acordos, mas na carreira eles não tem ingerência. Todas as viradas de faixa passam pela mão do Luan. Nós temos nossas opiniões, analisamos o mercado, mas no fim das contas é ele quem escolhe as músicas de trabalho. Luan sempre esteve bem colocado nas rádios, mas a liderança pareceu, por muitas vezes, uma obsessão. Em 2016, no entanto, parece que vocês tiraram o pé. É só impressão? A gente realmente tinha isso como objetivo. Não que deixou de ser importante, mas não somos mais obcecados por isso. Acho que a música é muito mais que uma negociação comercial. Esse investimento para estar sempre em primeiro lugar não vale mais a pena? Não, não vale mais. Como a imprensa acompanha uma lista específica da Crowley, a gente precisa estar lá também, mas nós temos hoje outros métodos pra acompanhar o desempenho nas rádios, como a Connectmix e o Spybat. Nós vamos buscar estar bem sempre, mas não a qualquer preço.

O rompimento: Uma das poucas vezes em que o Luan ficou na mídia por questões de bastidores foi quando vocês romperam com o Anderson Ricardo, ex-empresário. A situação saiu do controle e foi exposta na mídia... Foi uma questão que não impactou na carreira, mas gerou muito barulho. A gente não queria isso, não havia motivo. Tudo tem começo, meio e fim, e nós não queríamos causar nenhum tipo de problema. Tanto é que o acordo que ele aceitou no fim de tudo foi o que a gente propôs na primeira conversa. Acabou tendo repercussão e tal, mas graças a Deus a gente resolveu sem precisar ir pra justiça, sem audiência, sem nada. O que aconteceu pra vocês decidirem seguir sem ele? Quando o Luan começou a cantar, eu falei pro Anderson: “meu filho vai deixar de fazer faculdade, vai abrir mão de um futuro, então a nossa prioridade vai ser sempre ele. Se for pra cantar cinco ou seis anos e parar depois, a gente já acaba com isso agora”. A coisa começou a andar errado  quando o Anderson trouxe o escritório do Luan, que era em Londrina, pra São Paulo. Eu não concordei, pedi pra ele não fazer isso, mas ele veio a toque de caixa. Eu segui em Londrina com o departamento financeiro e pessoal. No início de 2013, nossa arrecadação teve uma queda, os custos estavam muito altos e eu fui discutir isso com ele. Nos reunimos e ele nem chegou a olhar as planilhas, veio com uma ideia de contratar outros artistas, investir em outros projetos. Acabou ali. Esperamos passar a gravação do DVD de Itu, em julho de 2013, para que o projeto não fosse prejudicado. Logo depois, falamos com o Sorocaba, que concordou. Falamos com a equipe, que disse que ficaria conosco, e comunicamos o Anderson Nós oferecemos um valor no início da conversa, o que achávamos justo. Ele não aceitou, a discussão se estendeu por quase cinco meses, mas acabamos fechando pelo valor inicial. Como ele se tornou empresário do Luan? A primeira empresária do Luan foi a Elizandra, que era compositora da “Falando sério”, entre várias outras músicas. O Anderson era radialista e contratou um show do Luan pra cidade de Mineiros, em Goiás, que faz divisa com o Mato Grosso do Sul. Era dia de finados, 2007. Ele fez uma proposta pra cuidar da agenda e os dois passaram a trabalhar com o Luan. Não demorou muito e a Elizandra e o Anderson se desentenderam. Foi a primeira vez que eu tive que optar com quem ficar. A gente continuou com o Anderson. O Anderson trabalhou muito, pôs o Luan dentro do carro e andou o Mato Grosso do Sul inteiro. Eu tinha feito um pouco disso, esse pé na estrada, mas eu não tinha conhecimento, era só coisa de pai querendo ajudar.

E o Sorocaba? O Luan conheceu o Sorocaba em um show em Brusque, Santa Catarina. O Sorocaba gostou do fato de ser um cantor solo e eles combinaram de se encontrar um tempo depois, em Campo Grande. Sentamos eu, Luan, Sorocaba e Paulo Pissoloto, ex-sócio do Sorocaba. Eles propuseram gravar um DVD e fazer um trabalho em cima dele, colocariam R$ 200 mil. Nós topamos. Foi o investimento real da carreira do Luan. Pra você ter noção da minha inocência, eu deixei a divisão chegar a 25% pra cada um, o cantor ganhando a mesma coisa que todos os empresários. Depois fui consertando isso com o tempo. Não passou muito tempo e o Anderson e o Pissoloto brigaram, coisa de um ano. Eu, que ficava de longe só acompanhando as planilhas, tive que interferir e tomar uma decisão mais uma vez. Os dois me disseram “ou eu ou ele”. Tive que pesar muita coisa e decidi que continuaríamos com o Anderson e sem o Pissoloto. Cheguei no Sorocaba e o avisei da nossa decisão. Acertamos com o Paulo, pagamos o que era correto, de direito. Ele ficou um ano, investiu junto com o Sorocaba e saiu muito bem da parceria. Nosso contrato com o Sorocaba acaba em agosto de 2018, ainda não conversamos sobre renovação. Você disse que o início de 2013 não foi muito positivo. Foi o pior momento da carreira até hoje? Não, teve um outro que nos preocupou mais. Você precisa colocar novidade todo ano no mercado, hoje funciona assim. A gente demorou muito do DVD de Itu, “O nosso tempo é hoje” (2013) para o “Acústico” (2015). O DVD mais aproveitado nosso foi o “Acústico”, um ano e pouquinho de trabalho. A distância entre dois pro - jetos foi nosso momento mais difí - cil. Difícil, quando eu te falo, é em relação a faturamento. Após uma nota no blog da Fabíola Reipert, no R7, o Luan anunciou que não vai mais fazer programas da Record. A decisão foi sua? Uns dois anos atrás, ela soltou uma nota com aquelas frases soltas, su - gerindo algo entre o Luan e o Guto, amigo nosso que foi personal dele. Quando saiu a primeira notícia, o Sorocaba ligou pro Douglas Tavo - laro (vice-presidente de jornalismo da Record), reclamou, e o Douglas ligou pra mim. Eu descasquei, falei tudo que eu queria, disse que ele precisava saber de onde eu vinha, precisava conhecer minha família. Ele me ouviu e prometeu uma solução. De fato, foram dois anos sem sair uma nota sobre o Luan. Agora, recentemente, saiu outra nota no mesmo tom. Eu podia me - ter no pau, tirar dinheiro, mas não é essa a questão. O Luan se irritou, veio falar comigo e perguntou o que a gente ia fazer em relação a isso. Eu disse que o único jeito era parar de ir na Record. Conversamos eu, Luan e a Arley - de pra ver de que maneira isso se - ria feito. Luan escreveu uma nota e passou pra Arleyde distribuir pra imprensa. O Tavolaro me ligou de novo, quis conversar, mas eu tava indo viajar. E tá assim até hoje. En - quanto não acontecer alguma coisa, enquanto não houver alguma re - tratação, algo que realmente chegue às pessoas, ele não volta pra Record.

Fonte: Universo Sertanejo

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